11.13.2004

Viúva de Arafat ausente de Ramallah

Suha, a viúva de Yasser Arafat, foi ontem uma espécie de presente- -ausente das cerimónias fúnebres do líder palestiniano. Ladeada pela filha de ambos (Zahwa, de nove anos), Suha participou nas exéquias religiosas que se efectuaram no Cairo, mas a partir de uma sala contígua totalmente reservada para as mulheres, de acordo as regras islâmicas.

Quando Yasser Arafat foi transportado para Ramallah, na Cisjordânia, onde foi sepultado, Suha optou por permanecer no Cairo, não assistindo ao funeral do marido.



Uma opção estranha, mas que poderá ser explicada tanto por razões de segurança como pelo mau relacionamento que Suha Arafat mantinha com a maioria dos dirigentes palestinianos.

Como ficou bem patente na troca de acusações que se verificou durante o período em que o líder palestiniano esteve internado em França, envolvendo o controlo das contas secretas da OLP que se encontravam em nome de Yasser Arafat.

Oficialmente, no entanto, Suha Arafat - que era 34 anos mais nova do que o marido - ficou no Cairo para poder receber as condolências dos convidados estrangeiros. Entre os quais se encontrava o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Abdallah ben Abdel Aziz, num sinal de que Riade poderá agora reaproximar-se das autoridades palestinianas depois de mais de uma década de distanciamento, motivado pelo apoio que Arafat concedeu à invasão iraquiana do Koweit.

Afastada de Gaza e da Cisjordânia há quase três anos, altura em que Israel confinou Arafat ao perímetro da Muqata, Suha tem vivido, desde então, em Paris, cidade para onde poderá voltar agora, ainda que algumas fontes admitam também a hipótese de a viúva do líder palestiniano poder optar pelo regresso à Tunísia, onde o casal viveu até 1994.

Em Paris ou em Tunis, o certo é que Suha Arafat dificilmente voltará a viver nos territórios ocupados. Pelo menos nos próximos anos, a avaliar pelas informações que ontem foram veiculadas pela imprensa italiana e israelita.

De acordo com o Corriere della Sera, La Repubblica, Maariv e Jerusalem Post, Suha e Zahwa vão receber uma pensão vitalícia das autoridades palestinianas, compromisso assumido por Mahmoud Abbas (Abu Mazen), o novo presidente da OLP.

Nos termos deste acordo, que terá sido mediado pelo conselheiro financeiro de Yasser Arafat, Muhamad Rashid, Suha e a sua filha Zawha vão receber uma pensão mensal vitalícia de 27 mil euros, ficando ainda com uma herança estimada entre os 15 e os 17 milhões de euros.

Em troca, a viúva de Yasser Arafat terá revelado às autoridades palestinianas os números das contas que o seu marido controlava em diversos bancos de Londres, Zurique e até Telavive, permitindo-lhes aceder às contas secretas da OLP.