Bloco de Esquerda e PCP pedem demissão de Figueiredo Lopes
Oposição denuncia contradições no Governo sobre GNR no Iraque
A oposição denunciou hoje contradições no Governo, depois do primeiro-ministro, Durão Barroso, ter afirmado que a situação da GNR no Iraque será reavaliada em Junho e o ministro da Administração Interna, Figueiredo Lopes, ter anunciado um prolongamento da missão dos militares por seis meses.
"Em Junho, em finais de Junho, porque [é nessa altura que] entra em funções o Governo iraquiano, vamos reavaliar a situação. Queremos conhecer o pensamento das autoridades do Iraque", disse Durão Barroso.
Em declarações aos jornalistas, à margem da apresentação do plano de combate aos incêndios, em Proença-a-Nova, o primeiro-ministro disse que não há alterações na missão da GNR, referindo que o que aconteceu recentemente foi uma rotação dos militares.
Porém, anteontem, o ministro da Administração Interna indicou que a missão da GNR no Iraque será prolongada por mais seis meses, com a partida de mais um contigente em Julho, frisando que esta prorrogação já estava prevista. "A missão da GNR continua a ser justificada quanto aos seus objectivos de contribuir para a manutenção da segurança e a formação das novas polícias iraquianas", defendeu Figueiredo Lopes.
No Parlamento, os partidos da oposição denunciaram contradições entre Durão Barroso e Figueiredo Lopes, com o Bloco de Esquerda e o PCP a defenderem a demissão do ministro da Administração Interna.
"Tantas vezes o ministro da Administração Interna já foi desautorizado que o primeiro-ministro devia demiti-lo imediatamente", exigiu o dirigente do Bloco Luís Fazenda, em declarações aos jornalistas, justificando que "não há unidade política no Governo".
Também o secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas defendeu a demissão do ministro Figueiredo Lopes e "talvez" a do primeiro-ministro. "Deveria ser reavaliada a posição do ministro da Administração Interna e talvez até do primeiro-ministro", declarou Carlos Carvalhas, enquanto que o deputado comunista António Filipe classificou a declaração de Durão Barroso como "uma desautorização" da posição anunciada por Figueiredo Lopes há dois dias.
"Perante a manifesta impopularidade desta prorrogação [da missão da GNR], perante o silêncio do Presidente da República e das críticas da oposição, o primeiro-ministro veio desautorizar o ministro da Administração Interna, mas refugia-se na ambiguidade", criticou.
Por seu lado, o líder do PS, Ferro Rodrigues, afirmou que "cada uma das pessoas em causa deve avaliar se há condições para coexistirem no mesmo Governo" e acusou um dos dois governantes de ter mentido aos portugueses sobre o futuro da missão da GNR no Iraque. "Alguém está a enganar os portugueses", disse Ferro Rodrigues.
O deputado do PS Vitalino Canas defendeu que o "primeiro- ministro tem de pôr ordem na casa, porque não é possível que o Governo fale a duas vozes sobre esta matéria", e acrescentou que se vive "um ambiente de remodelação, em que os ministros já não se importam de contradizer o primeiro-ministro".
Em resposta às críticas da oposição, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Marques Mendes, negou a existência de qualquer contradição entre as declarações do primeiro-ministro e as do ministro da Administração Interna.
"O ministro da Administração Interna tem dito sobre o Iraque exactamente o mesmo que o primeiro-ministro ou o próprio Presidente da República", afirmou Marques Mendes, no plenário da Assembleia da República.
Marques Mendes lamentou ainda "a falta de ideias da oposição" e acusou-a de se refugiar na "política da intriga, da arrogância e da maledicência".
<< Home